Hepatotoxicidade e anabolizantes: por que acontece e como identificar

Entenda o impacto dos EAA no fígado, por que alguns são mais tóxicos que outros e como interpretar corretamente os exames laboratoriais

O fígado é um dos órgãos mais impactados pelo uso de esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) — e essa hepatotoxicidade é um dos efeitos adversos mais bem documentados na literatura médica.

No entanto, nem toda elevação de enzimas hepáticas indica dano verdadeiro. Neste artigo, você vai entender:

  • Por que os EAA orais são mais tóxicos;
  • Quais marcadores laboratoriais realmente indicam lesão hepática;
  • E como distinguir alterações causadas pelo treino intenso de danos causados pelo uso de anabolizantes.

Por que os esteroides 17-alfa alquilados são mais hepatotóxicos?

Os esteroides da classe 17-alfa alquilados (17-AA) passaram por uma modificação química específica em sua estrutura:

Alquilação na posição 17-alfa do anel esteroidal.

Essa alteração permite que o esteroide resista à degradação hepática quando administrado por via oral, ou seja:

  • Evita o metabolismo de primeira passagem no fígado;
  • Aumenta a biodisponibilidade sistêmica da droga.

O problema: essa resistência à metabolização hepática faz com que os hepatócitos (células do fígado) sejam constantemente agredidos, resultando em maior risco de toxicidade hepática.

Estudo mostra como diferenciar lesão hepática de alterações induzidas por exercício

Para entender como os exames laboratoriais se comportam em diferentes contextos, Rob D. Dickerman e colaboradores compararam os seguintes grupos:

  • Fisiculturistas usuários de EAA
  • Fisiculturistas não usuários
  • Estudantes de medicina treinando e não treinando
  • Pacientes com hepatite

Foram analisadas as enzimas:

  • AST (TGO) e ALT (TGP) – marcadores hepáticos comuns;
  • GGT – marcador mais específico de lesão hepática;
  • CPK – marcador de dano muscular.

Resultados:

  • AST e ALT estavam elevadas nos dois grupos de atletas — com ou sem uso de EAA;
  • GGT permaneceu normal nos atletas, mesmo com AST/ALT elevadas;
  • Pacientes com hepatite apresentaram elevação simultânea de AST, ALT e GGT;
  • CPK estava elevada nos atletas e nos estudantes que treinavam, indicando dano muscular.

Conclusão: elevação de AST e ALT nem sempre significa lesão hepática

A elevação de transaminases (AST/ALT) em atletas pode ser reflexo do próprio treinamento intenso, que gera microlesões musculares e eleva a CPK, sem envolver diretamente o fígado.

Já a elevação conjunta de AST, ALT e GGTprincipalmente com GGT elevada — é que realmente sugere lesão hepática verdadeira.Portanto, avaliar apenas AST e ALT é insuficiente.
Médicos devem sempre considerar o GGT no painel de investigação, especialmente em usuários de esteroides anabolizantes.

Cuidados essenciais para usuários de EAA

Se você faz uso ou está pensando em utilizar EAA, esteja atento a esses pontos:

  • Evite o uso prolongado de esteroides 17-AA orais, como estanozolol e oximetolona;
  • Monitore suas enzimas hepáticas regularmente, incluindo AST, ALT, GGT e CPK;
  • Interprete os exames no contexto da sua rotina de treino, e não de forma isolada;
  • Considere realizar ultrassonografia abdominal ou outros exames de imagem se houver suspeita clínica.

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Referências: doi: 10.1097/00042752-199901000-00007

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