Qual o papel do treino e da dieta na Síndrome dos Ovários Policísticos?

Descubra como mudanças no estilo de vida influenciam a saúde metabólica, hormonal e reprodutiva em mulheres com SOP

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das condições endócrinas mais prevalentes entre mulheres em idade reprodutiva. De origem multifatorial, ela se manifesta por meio de alterações menstruais, hiperandrogenismo, resistência insulínica e, em muitos casos, infertilidade.Dentre os principais mecanismos envolvidos em sua fisiopatologia, a resistência à insulina associada à hiperinsulinemia se destaca como um dos fatores centrais. Diante disso, cresce o interesse em entender o impacto de intervenções não farmacológicas, como dieta e atividade física, no manejo da síndrome.

Mulheres com SOP têm hábitos alimentares diferentes?

Uma metanálise recente publicada em Nutrients, com 54 estudos e mais de 39 mil mulheres, investigou a qualidade alimentar de mulheres com SOP em comparação com aquelas sem a síndrome.

Os resultados revelaram que mulheres com SOP tendem a apresentar:

  • Maior consumo de gordura total, especialmente poli-insaturada;
  • Menor ingestão de micronutrientes essenciais, como ácido fólico, magnésio e zinco;
  • Pior qualidade global da dieta.

Esses achados reforçam a ideia de que padrões alimentares inadequados não apenas coexistem com a SOP, mas podem também contribuir para seu agravamento.

A mudança de estilo de vida pode melhorar os sintomas da SOP?

Uma metanálise da Cochrane, referência em medicina baseada em evidências, avaliou o impacto das intervenções no estilo de vida em mulheres com SOP. A conclusão foi clara: uma perda de peso entre 5% e 10% já é suficiente para gerar benefícios metabólicos, reprodutivos e psicológicos, incluindo:

  • Melhora da sensibilidade à insulina;
  • Redução de sintomas androgênicos (como acne e hirsutismo);
  • Regulação dos ciclos menstruais;

Redução de quadros de ansiedade e depressão.

Qual o papel da dieta no tratamento da SOP?

Não existe uma única abordagem alimentar ideal, mas as evidências apontam para a eficácia de estratégias com baixo índice glicêmico, que ajudam a controlar os níveis de insulina.

Entre as alternativas mais estudadas:

  • Dieta cetogênica: caracterizada pela restrição de carboidratos, mostrou-se eficaz na redução da resistência insulínica e na melhora do perfil hormonal em diversas análises;

Dieta mediterrânea e low-carb também apresentam resultados positivos, especialmente quando associadas à prática regular de exercícios.

E a atividade física? Qual intensidade é mais eficaz?

A prática de exercícios físicos é um componente essencial no tratamento da SOP, e os dados da literatura A prática de exercícios físicos é um componente essencial no tratamento da SOP, e os dados da literatura reforçam o papel de treinos bem estruturados.

Destaques das metanálises:

  • Treinos intervalados de alta intensidade (HIIT), realizados a 90–95% da frequência cardíaca máxima, promovem significativa melhora metabólica e redução do IMC【10.1371/journal.pone.0245023】;
  • Exercícios intensos por no mínimo 120 minutos semanais contribuem para a melhora da resistência insulínica【doi:10.3389/fphys.2020.00606】;
  • Treinamento de resistência (musculação), no longo prazo, reduz marcadores androgênicos e melhora a composição corporal.

Conclusão: o impacto direto da dieta e do treino na SOP

A evidência é clara: intervenções no estilo de vida são fundamentais no manejo da SOP. Tanto a dieta quanto o treinamento físico contribuem de forma significativa para:

  • Redução da resistência insulínica;
  • Regulação hormonal;
  • Melhora da composição corporal;
  • Promoção da fertilidade e saúde emocional.

Adotar hábitos consistentes, com orientação profissional, é uma estratégia segura, acessível e de alto impacto para mulheres com SOP.

Referências científicas:

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