A terapia hormonal para pessoas trans vai muito além da estética: ela promove saúde mental, identidade e qualidade de vida. Mas você sabe como esse processo funciona na prática médica?

Entendendo a disforia de gênero
A forma como a medicina trata as identidades trans passou por mudanças importantes ao longo do tempo. No DSM-III, a condição era chamada de “transtorno de identidade de gênero”. No DSM-5, a nomenclatura atual é disforia de gênero, caracterizada pela incongruência entre o sexo biológico e o gênero com o qual a pessoa se identifica — algo que pode causar sofrimento psicológico significativo.
A prevalência global da disforia de gênero com manifestação transexual é estimada em 4,6 a cada 100 mil pessoas, sendo mais frequente entre mulheres trans.Hoje, além do reconhecimento, existem tratamentos clínicos e cirúrgicos para redesignação sexual, com destaque para a terapia hormonal de afirmação de gênero, principal foco deste artigo.
Como funciona a terapia hormonal para redesignação de gênero?
O objetivo da terapia é suprimir os hormônios sexuais endógenos (relacionados ao sexo de nascimento) e introduzir os hormônios do gênero com o qual a pessoa se identifica. Isso permite o desenvolvimento de características sexuais secundárias do gênero desejado.
⚠️ Mas atenção: o início do tratamento requer etapas fundamentais, tanto para proteger o paciente quanto o médico responsável:
Etapas antes do início da terapia hormonal
- Educação do paciente:
Explicação clara sobre efeitos esperados, limites da terapia e riscos envolvidos. - Avaliação psiquiátrica:
Avalia o diagnóstico de disforia de gênero e identifica outras possíveis condições. - Anamnese detalhada:
Foca nas expectativas do paciente, histórico de saúde e motivação para a transição. - Exame físico completo, com atenção especial a:
- Altura, peso, sinais vitais
- Circunferência abdominal/quadril/tórax
- Avaliação mamária e abdominal
- Membros inferiores (risco vascular)
- Avaliação genital (descartar distúrbios do desenvolvimento sexual)
- Altura, peso, sinais vitais
- Exames laboratoriais iniciais:
- Hemograma completo
- Hepatograma, ureia e creatinina
- Glicemia e lipidograma
- Hormônios do eixo HHG
- Sorologias para hepatites A, B e C
- Hemograma completo
Riscos específicos: atenção redobrada em mulheres trans
Algumas condições preexistentes podem ser agravadas pela terapia hormonal. Entre elas:
- Risco aumentado de trombose venosa profunda
- Doenças cardiovasculares
- Colelitíase (pedra na vesícula)
- Macroprolactinomas
- Câncer de mama
- Hipertrigliceridemia
Riscos específicos: atenção redobrada em mulheres trans
Algumas condições preexistentes podem ser agravadas pela terapia hormonal. Entre elas:
- Risco aumentado de trombose venosa profunda
- Doenças cardiovasculares
- Colelitíase (pedra na vesícula)
- Macroprolactinomas
- Câncer de mama
- Hipertrigliceridemia
A avaliação médica especializada é essencial para definir a segurança e viabilidade do tratamento.
Como é feito o tratamento hormonal da mulher trans?
A terapia hormonal para mulheres trans visa:
✅ Suprimir a testosterona endógena
✅ Promover características femininas, como crescimento mamário, suavização da pele e redistribuição de gordura corporal
Principais classes de medicamentos:
- Estrogênios (hormônio feminino primário)
- Antiandrogênicos como ciproterona e espironolactona
- Agonistas de GnRH (regulação hormonal mais profunda)
⚙️ A maioria dos efeitos começa a aparecer em 3 meses, com pico em até 24 meses. A testosterona deve ser mantida em níveis femininos (fase folicular).
Conclusão: transição hormonal é um processo médico sério e necessário
A terapia de afirmação hormonal é uma ferramenta poderosa para alinhar corpo e identidade de gênero, mas exige avaliação, acompanhamento e responsabilidade médica.
Se você ou alguém próximo deseja entender melhor esse processo, procure uma equipe de saúde especializada, com acolhimento e embasamento científico.👉 Agende uma consulta para avaliação individualizada e segura.
Referências científicas
- Arbex, A. K. Endocrinologia Feminina.
- Levy, A. Endocrine Intervention for Transsexuals.